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como usar as receitas

para manter uma alimentação saudável, saber cozinhar ajuda, e muito. exatamente para isso que me dedico meu trabalho, para que sabendo cozinhar, as pessoas possam fazer melhores escolhas alimentares. para isso, acabo passando muitas receitas por acreditar que elas têm algo a nos ensinar muito além do modo de preparo. receitas tem por trás testes, técnicas, estudos e história. elas tem em si grande valor, por nos servirem de modelo e inspiração. mas (tinha que ter uma mas), queria trazer aqui algumas ressalvas em relação a elas.


durante muito tempo, eu seguia receitas à risca, tin tin por tin tin, bem obediente. porém, muitas (muitas!) vezes elas davam errado e eu não entendia direito o porquê, não sabia o que havia feito de errado. os resultados tinham sabores estranhos, texturas esquisitas, aparências duvidosas. com muitas tentativas e erros fui chegando ao entendimento de que um mesmo modo de preparo pode dar margem a inúmeras interpretações e divergências no meio do caminho. o que eu estava buscando com os 15 minutos da abobrinha marinando? é claro que existem receitas e receitas, ou seja, algumas que são melhores e outras piores. aqui no blog, eu busco ser o mais clara e objetiva possível. mas acontece que eu não conheço sua cozinha, não conheço seu fogão, não conheço seu paladar. os 20 minutos que a granola demorou para assar no meu forno pode ser que queimem ou mesmo nem dourem a sua! uma mesma safra de abacaxis pode dar alguns que estejam de azedar a cara e outros um mel, e isso vai acabar impactando no sabor final do doce de abacaxi, por exemplo. por isso, eu incentivo muito as pessoas a usarem seus sentidos. cheire. veja. sinta. prove. ajuste. se arrisque. faça de novo. não se iniba.


minhas receitas são guias. para publicá-las eu sempre testo várias vezes, para ter certa segurança de que vão funcionar se seguidas a risca. entretanto, o seu sensorial sempre deve falar mais alto. não existe certo ou errado. existe aquilo que funciona e é gostoso para você. nós podemos ir expandindo e criando repertório, o que nos amplia e permite testar mais. aquele bolo que solou pode facilmente se transformar num pão doce de frigideira se cortado ao meio. quase tudo na cozinha tem salvação. afinal, cozinha é transformação. cozinhar é exercer uma certa alquimia. eu acho que quem sabe cozinhar tem um pézinho na magia, rsrs.


entretanto, dito isso, ainda que uma receita possa te parecer estranha ou inusitada num primeiro momento, se te instigar, inspirar ou aguçar, teste. você pode ser surpreendida com combinações de sabores, texturas, aromas, temperaturas. ou, se isso não acontecer e a receita não ficar do seu agrado, adapte ao que te parecer melhor. se não gostar de chuchu (dá uma chance! mas se não gostar mesmo) troque por abobrinha. brinque com as receitas. trocar o coentro pela salsinha num prato, ainda que de fato mude o perfil de sabor dele, pode te contemplar mais e te trazer mais prazer em comer. anote. vá construindo seu próprio repertório gustativo e sensorial.


Comer é prazer. Desfrute!



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