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medicalização dos alimentos

acredito que os alimentos são potentes ferramentas de transformação. acredito que uma alimentação saudável promove saúde, energia e vida. porém, considero importante revermos o que entendemos por alimentação saudável.


nós nos alimentamos por muitos motivos. nós comemos para compartilhar momentos, comemos para comemorar, comemos para nos alegrarmos, comemos para experimentar, comemos porque temos memória afetiva, comemos porque gostamos, comemos porque dá prazer. pensando nisso entendo que os alimentos tem um papel de destaque na vida humana, justamente pela multiplicidade de funções, inclusive simbólicas, que ele ocupa.


nós comemos por motivos muito para além de motivações biológicas, para nos mantermos fisiologicamente saudáveis. o que nos nutre pode vir de muitos lugares, inclusive de alimentos tido como vilões. quer coisa mais gostosa do que comer um pedaço de bolo de brigadeiro em uma festa de criança? é claro que podemos fazer novas versões desse doce para que ele fique mais saudável, ampliar o repertório e incluir outras receitas maravilhosas. mas se é um momento importante, por que se negar desse eventual prazer? desfrutar verdadeiramente desse comer provavelmente vai te fazer muito mais feliz do que a culpa por ter comido, ou mesmo a vontade que vai passar e o brigadeiro que vai voltar em algum sonho.


uma alimentação saudável é feita no dia-a-dia, longitudinalmente. nenhum alimento isolado que será a panacéia ou destruição.


os alimentos podem ser usados como forma de terapia sim, inclusive devem em alguns contextos. quando um sintoma se apresenta ele é uma manifestação de que algo está em desequilíbrio e precisa ser cuidado nessa fase aguda. porém tratar esse sintoma envolve entender a raiz, qual foi o disparador que o levou a se manifestar. nós pouco aprendemos a fazer esse exercício de escutar nosso corpo de verdade, prestando atenção aos sinais que ele nos dá ao longo do dia, ao longo da vida. um suco de couve com espinheira santa realmente tem o potencial de auxiliar em um processo de inflamação estomacal. mas se não olharmos para o que está disparando essa dor que consome de dentro para fora, prestarmos atenção ao estilo de vida, e fazermos escolhas que priorizem aquilo que valorizamos, não vai ter suco verde que faça milagres.


meu trabalho como nutricionista é ser facilitadora desse processo das pessoas se aproximarem da alimentação na sua forma mais plena possível. plena não significa acordar as 5h da manhã para meditar, fazer yoga, tomar shot de imunidade e comer alface. quem se identifica nessa rotina, muito que bem. senão, tudo bem também. entender como seu corpo funciona, como reage aos alimentos, o que te faz bem, o que te faz mal, me parece um caminho de emancipação e autonomia que desejo para as pessoas. habitar sua pele de uma forma que te faça sentido e traga satisfação. alimentos são aliados nessa manutenção de uma vida mais satisfeita.


essa é a nutrição que acredito, uma em que os alimentos tem essa maravilhosa versatilidade de promover saúde, esta entendida de forma mais ampla e integrada, além de trabalhar para prevenir doenças. porém, elas uma vez instaladas, a nutrição também é aliada do tratamento. comida é vida, comida é prazer. desfrutemos!

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